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O que é e como tratar o impacto femoroacetabular

Dr. Daniel Daniachi Ortopedista e Traumatologista especialista em cirurgia do quadril

Caracterizado pelo contato precoce e o desgaste entre a cabeça do osso da coxa e o encaixe da articulação do quadril, o impacto femoroacetabular (IFA) consiste em alterações no formato e no funcionamento biomecânico do fêmur e/ ou do acetábulo, causando dor e limitação da mobilidade. Ou seja, essa condição impede o encaixe adequado da articulação do quadril, devido à deformidade de uma das partes, cabeça do fêmur ou acetábulo, ou de ambas.

Basicamente, existem três tipos de impacto femoroacetabular:

  • CAM ou CAME: caracterizado pelo excesso de osso na cabeça femoral, que resulta na alteração do formato entre o colo e a cabeça do fêmur. O paciente sente dor principalmente nos movimentos de rotação e flexão do quadril, como entrar e sair de um carro ou ao ficar agachado, por exemplo, por conta do impacto entre a deformidade da cabeça do fêmur com a superfície do acetábulo. Além da dor, essa condição pode desencadear numa lesão do labrum (cartilagem do acetábulo) ou até uma artrose precoce da articulação do quadril.
  • PINCER: nesse tipo de impacto, a alteração se dá no acetábulo, promovendo uma cobertura maior do que o normal na cabeça do fêmur. Assim, pode haver o aprisionamento do labrum, causando escoriações, achatamento, degeneração, formação de cistos, ossificação e, em alguns casos, ocasionar uma artrose precoce. 
  • Misto ou combinado: é o tipo de impacto mais comum, em que as condições do tipo CAM e PINCER aparecem em conjunto.

O impacto femoroacetabular consiste numa condição multifatorial, uma vez que surge por conta de uma associação entre o formato alterado do quadril, movimentos que causam lesão e questões genéticas que favorecem o desgaste da articulação. E, ainda, há casos de pacientes assintomáticos, que não apresentam dor, mesmo que constem as deformações características do IFA nos exames de imagem. 

Por isso, não se sabe ao certo a incidência desse quadro na população geral, mas há uma estimativa que em torno de 0,6% tenha dor na articulação do quadril, sendo que, destes, uma média de 20% se trate de fato do impacto femoroacetabular. Os casos assintomáticos podem variar entre 7 a 23%.

Sinais e sintomas

Geralmente, a dor é mais acentuada durante a prática de atividades físicas, com movimentos repetitivos, ou quando o indivíduo permanece em determinadas posições por um período. Existe um alto índice de queixas de dor na virilha, principalmente quando se fica muito tempo sentado ou dirigindo, para entrar e sair do carro, nas práticas esportivas e qualquer movimentação que exija a flexão exagerada do quadril. 

No começo, o incômodo pode surgir de modo gradual ou associado a um episódio de dor aguda, que piora com movimentos de flexão, adução e rotação, principalmente interna, do quadril. Pode haver uma limitação na movimentação da região e, por vezes, é possível ouvir estalidos em determinados movimentos.

A dor se localiza na parte da frente do quadril e, na maioria das vezes, não é palpável. Mas, também, pode haver uma descompensação em outras articulações, por conta da alteração mecânica no quadril, irradiando a dor para a coluna lombar e região lateral ou posterior – no glúteo -, o que pode desencadear num quadro de pubalgia, sacroileíte e lombalgia.

Diagnóstico

É de extrema importância o exame físico para obter o diagnóstico correto, pois nem sempre o paciente que possui alterações mecânicas ou morfológicas características do impacto femoroacetabular apresenta sintomas, devendo ser investigadas outras possíveis causas para a dor no quadril. Portanto, o diagnóstico do IFA é basicamente clínico e por exames de imagens.

De forma geral, são solicitados exames de radiografia da pelve, também chamada de bacia, e da articulação coxofemoral, sendo importante também, em alguns casos, a realização de tomografia axial computadorizada e da ressonância magnética, ou artro-ressonância magnética do quadril, enquanto exames complementares para a comprovação do diagnóstico. 

Como tratar o impacto femoroacetabular

O tratamento clínico consiste em evitar os movimentos que provoquem dor, de forma geral, envolvendo a indicação de repouso, alterações das atividades físicas e movimentações do dia a dia, a prescrição de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios e, muitas vezes, o encaminhamento à fisioterapia, que pode propiciar um bom alívio das dores e reduzir a degeneração.

Nos casos em que o tratamento conservador não se mostrou eficaz ou quando a deformidade óssea é mais acentuada, normalmente se indica a cirurgia, que pode ser aberta (convencional) ou por artroscopia, em que o procedimento se dá por pequenos furos e é realizada por vídeo. No tratamento cirúrgico, o excesso de osso é removido e, caso necessário, se faz a reparação das lesões da cartilagem e/ou do lábio acetabular.

Vale ressaltar que há uma correlação entre a deformidade da cabeça femoral (CAME) com o desenvolvimento da artrose em longo prazo. Por isso, o tratamento precoce influencia diretamente no resultado e, portanto, se recomenda que ao menor sinal de dor, o ideal é procurar por um médico ortopedista o quanto antes.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Daniel Daniachi Ortopedista e Traumatologista especialista em cirurgia do quadril

Formado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), possui residência médica em Ortopedia e Traumatologia pela mesma instituição de ensino e subespecialização em Cirurgia do Quadril.
Registro CRM-SP nº 117036.